A harmonia do entardecer

me imagino, abaixo da sombra do telhado da sacada
aquele sol me presenteando com sua luz viva,
o calor amenizado, no ponto, sem transpiração
no horizonte distante onde as nuvens projetam desenhos ao solo
cada um com uma forma, uma alegria, outra trazendo melancolia
mas a tranquilidade do lugar, me deixa abismado
fico pasmando com tudo, o céu, o horizonte,
os ruídos do entardecer, a grama se movendo com o vento
eu com o violão nos braços, mas sem música,
ruído das cordas, harmonia das notas, nada!
esqueci que estava com aquele instrumento nos braços
apenas ficava apreciando aquele show silencioso
passava o tempo e aquilo tudo se modificava vagarosamente,
mas imperceptível para quem não estivesse imerso naquele mundo
o sol se escondia lentamente, quase que não querendo ir
a algazarra criada pelos bandos de pássaros tentava me distrair
as nuvens assumiam um novo tom pacífico e silencioso
só o vento se manifestava agora, me pedindo uma música
de maneira alguma lhe neguei o pedido,
e ele em retribuição, propagava toda essa harmonia...
o homem, o violão, a vida toda soando naquelas notas...